Génese e Apresentação Geral

     As sociedades têm vindo a confrontar-se com vários problemas ambientais que afectam não apenas o modo de vida, mas também o equilíbrio ecológico dos ecossistemas e do planeta.

As noções de desenvolvimento e de sustentabilidade ultrapassam, actualmente, a elementar dimensão económica para abarcar também aspectos ecológicos e sociais. Tal significa uma responsabilidade comum na boa gestão dos recursos naturais, com contributos benéficos tanto ao nível local como global.

A economia ecológica, ou economia verde, como ciência económica de base natural, constitui uma importante forma de utilização sustentável dos recursos biológicos, como indicado por organizações internacionais e enunciado em diversas medidas nacionais e internacionais (ex: EU/CE, ONU, IPCC).

Apresenta uma perspectiva mais abrangente sobre as questões ambientais e os recursos naturais, incorporando princípios das ciências naturais, ligando o sistema económico ao ecossistema ou ao Sistema Terra. Partilha o governo tanto da natureza como da actividade económica humana e, portanto, da forma como estão relacionadas. Trata-se igualmente de uma estratégia que procura estimular a inovação e a adopção de práticas para a sustentabilidade (Europe Strategy2030).

Considera que a degradação da biodiversidade pode afectar significativamente a qualidade do ambiente e dos recursos, assim como, prejudicar a produção primária em áreas como a silvicultura. A prática silvícola que provoque danos como a erosão do solo, a perda de nutrientes e de matéria orgânica do solo, ponha em causa a conservação da água, da biodiversidade, cause a degradação da paisagem, ou afecte aspectos ambientais, não é, pois, sustentável.

     Numa perspectiva futura, o desenvolvimento da economia e da sociedade não podem ser dissociados das questões ecológicas e ambientais, sendo também associado ao desenvolvimento humano, moral e cultural.

As abordagens de base natural permitem melhores benefícios para os ecossistemas e a biodiversidade, bem como, para a economia, as condições de vida, a saúde e o bem-estar humano.

     A consciência, pelas sociedades, da degradação do meio ambiente em geral, e das florestas autóctones em particular, tem imposto a tomada de ações para uma melhor gestão e preservação, realizadas a diferentes escalas. Além da produção lenhosa é também considerada a relevância dos recursos não-lenhosos e dos serviços prestados pelo ecossistema. A floresta autóctone envolve diversas vertentes da sustentabilidade relacionadas com elementos ecológicos, sociais e económicos, que passam a ser tidos em conta.

A floresta autóctone é um recurso em si mesmo, que desempenha funções vitais que estão para além de medidas económicas. Providencia diversos bens e serviços, fornece vários produtos, cria e conserva o solo, conserva a água, regula o clima, controla as inundações, conserva a biodiversidade, proporciona um espaço de vivência humana. A floresta autóctone é vista como uma base fundamental para uma economia ecológica dado que se relaciona com diversos sectores e a subsistência das sociedades, para além de constituir uma infraestrutura ecológica do planeta.

 

A Silvicultura próxima da natureza e o Carvalhal integrando
as diferentes vertentes da sustentabilidade.

 

A Silvicultura próxima da natureza e o Ecossistema carvalhal com o desenvolvimento de abordagens funcionais de base natural de que se obtêm benefícios nas várias vertentes da sustentabilidade ao nível ecológico, económico e social.

     Os primeiros momentos do projecto ocorreram em 2010 num trabalho realizado no Jardim das Pedras com avaliação de intervenções efectuadas neste espaço. Foi apresentada uma palestra sobre a Floresta Autóctone no Seminário Celebrar a Floresta realizado no Feital em 21 Novembro e como comemoração do Dia da Floresta Autóctone.

Dada a importante contribuição que a floresta autóctone desempenha para a sustentabilidade, nas suas diferentes vertentes, foi em 2017 apresentada uma visão para os espaços do Jardim das Pedras e do Carvalhal em que foi enfatizada a relevância da sua recuperação e gestão.

Os estudos, levantamentos e actividades prosseguiram em 2018, com a implementação em 2020 do Projecto Bosques e a sua ligação com a Silvicultura Próxima da Natureza.

     O Projecto Bosques reúne o enquadramento e um conjunto de actividades em torno do Ecossistema Carvalhal, a Floresta e a Silvicultura Próxima da Natureza, presente nos diferentes menus.

Direção Científica e Textos, Prof. Dr. João P. F. Carvalho (UTAD)